As “areias de Cascais” são uns simpáticos bolinhos cuja origem na vila de Cascais se perde no tempo, havendo referências à sua existência já no fim do sec. XIX, embora a primeira receita escrita e referida como “Areias de Cascais”, date de 1933 na “A Cozinha Ideal” de mestre Manuel Ferreira.
Sendo bolinho de manteiga, as areias sofreram, como todos os outros bolos, doces e pratos que tinham a manteiga como base, a investida das gorduras hidrogenadas, as margarinas e essa alteração deixou as areias irreconhecíveis, sendo que hoje, apenas feitas em casa se podem provar em toda a sua glória amanteigada, as Areias de Cascais.
Oriunda da nata, a manteiga bem se poderá considerar como a rainha das gorduras no que respeita a delicadeza e sabor. Claro que se lhe poderão, talvez, também apontar alguns defeitos, dos quais não será o menor o facto de ser constituída por gorduras de que se diz provocarem as terríveis doenças cardiovasculares, o “mau” colesterol; mas dias não são dias e sendo hoje dia da 132ª Trilogia em que a Ana, o Amândio e eu próprio estamos sujeitos ao tema “manteiga”, usei para estas areias, que ficaram magníficas, uma receita que está em caderno manuscrito da minha família e que, embora não o possa asseverar, poderá ser ainda anterior à receita publicada de 1933.
Ao contrário das receitas mais divulgadas, não tem qualquer elemento de sabor ou aroma adicionado, como raspa de limão, canela ou baunilha, deixando assim livre o caminho à subtil e requintada acção sápida da manteiga.
Ingredientes:
150g de manteiga
50g de banha de porco
175g de açúcar
320g de farinha
Preparação:
Misture bem a farinha com o açúcar e deite-a em monte na pedra.
Abra um buraco na mistura e deite-lhe as gorduras fundidas ou pelo menos muito amolecidas.
Trabalhe com os dedos de modo a obter uma massa areada,
faça uma bola e deixe em repouso por uma hora.
Faça bolinhas do tamanho de uma noz pequena e disponha-as em tabuleiro untado.
Leve-as a forno médio (160-170ºC) durante cerca de 20 minutos.
Passe as areias por açúcar enquanto estão bem quentes.
Conservam-se por muito tempo em caixa bem fechada e ao abrigo da luz.
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